Força da Justiça

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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Kiumi

Véspera do dia dos pais, atendo uma mulher linda, que chegou com uma leveza, um sorriso aberto e carinhoso.

Narra como o pai do seu filho a deixou pouco após saber da gravidez, simplesmente da forma mais covarde - e infelizmente comum - que existe que, para mim, é deixar visível que nunca a viu como ser humano e sim como uma oportunidade. Algo que só mostra a imagem desse sujeito e nada diz sobre a beleza dessa mulher.

Ferida, porém forte, decidiu prosseguir com a gravidez. Tornou-se mãe mesmo antes de parir. Emocionou-se ao ouvir o coração do filho durante o ultrassom. Sentia que aquela criança era um presente em sua vida.

O pai da criança assinala que "deseja" registrá-la e já tem um nome para lhe dar. Registrar iria, de uma forma ou de outra, afinal ele sabe que não haveria muitas formas de fugir, mas dar o prenome (primeiro nome)... Ela, a mãe, titubeou e após ouvir conselhos, aceitou. Quem sabe seria uma forma de facilitar que aquele homem pudesse ser pai além do papel... mas dentro de si havia uma criança e o coração de mãe e filho tocavam juntos outro nome...

Nasce o bebê. Ganha nome e sobrenome paterno, mas não ganha um pai de verdade.

Ela engole por vezes o orgulho, telefona, argumenta a importância de um pai para uma criança. Ele não ouve, envolve a atual companheira que, por sua vez,  ignora qualquer outra coisa que não seja o sentimento de medo de perder "seu homem".

A criança, amada e protegida pela mãe, continua a crescer, independentemente do pai. Tem um olhar forte, uma mãe guerreira que o chama pelo nome que o coração dos dois escolheu.

Mais uma luta justa à frente: ação para acrescentar o nome pelo qual a criança se identifica e também o sobrenome materno. Não é, na realidade, mudança de nome. A criança se identifica pelo nome que não consta no registro que é aquele escolhido pelo pai ausente. O nome já é seu, basta a sensatez do Judiciário para isto reconhecer.

Direitos da personalidade, Convenção dos Direitos da Criança, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei de Registros e etc. Ação de "alteração" de nome...

Para mim não houve melhor presente de Dia dos Pais. Acredito que para esta mãe também não, iniciativa corajosa e bela. Somos mães que gestamos, parimos, educamos com amor e somos pais. Presença multiplicada por dois.

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